Jagten | A Caça (2012)

Fãs de Mads Mikkelsen que se acusem! Assim de repente, para quem não está a visualizar a pessoa, lembrem-se do Le Chiffre em 007: Casino Royale, o vilão que chorava lágrimas de sangue.

Contextualizados? Sim? Boa, continuemos.

Mads Mikkelsen tem este nome estranho porque o senhor é dinamarquês e antes de dar cartas no cinema americano já ele andava a sambar na cara das inimigas no cinema do próprio país. Há muito tempo que ouvi falar deste filme mas bom, por aqui aproveita-se a quarentena para pôr filmes em dia. Por aí também? Ótimo! Voltei para isso mesmo: para vos dar sugestões de filmes com que ocupar os vossos dias.

Em Jagten, encontramos uma pequena comunidade, pacata que só ela, onde Lucas (Mikkelsen) é um professor num infantário local. Somos introduzidos a pequenos pormenores da vida de Lucas, onde podemos perceber que tem um grupo de amigos com quem se dá bastante e se diverte, conseguimos perceber que tem uma cadela, Fanny, que é a sua companheira ao longo do seu divórcio e da custódia (muito pouco) partilhada com a mulher. Neste reboliço, conhecemos também um pequeno anjinho loirinho chamada Klara (Annika Wedderkopp) que, diria eu, desenvolve uma qualquer paixoneta platónica pelo seu professor. Um pouco precoce, acho, mas quem nunca. No meu caso, chamava-se Hugo e dava EVT.

Bom, esta criatura pequenina, loirinha e adorável decide - assim como quem vai ali ao supermercado comprar feijões (tudo menos papel higiénico que isso não há nas prateleiras) - dizer que Lucas lhe mostrou as suas partes íntimas aquando do facto deste lhe ter "dado para trás" porque a criança decidiu não só dar-lhe um beijinho nos lábios como ainda lhe dar um presente (a magana! Há-de ser fresca, hein!). E eis que todo o drama começa após este acontecimento. Amizades são destruídas (Klara é filha do melhor amigo de Lucas), surgem desconfianças, atos de violência e sobressai o desespero de um homem que nada fez mas vê a sua reputação enquanto pessoa e profissional ser destruída com uma facilidade esmagadora. Que mensagem fica? A rapidez com que a verdade se torna subjetiva e manipulável ou a simplicidade que temos em julgar um homem sem nunca duvidar de uma criança? 

Disseram-me que Jagten não era um filme fácil. Por norma, estou habituada a um género onde o ser pesado é requisito mínimo e obrigatório, daí que A Caça não me tenha impresso algo maior do que estava à espera (esta coisa chamada expectativas...). Contudo, é um bom filme e com interpretações muito marcantes, das quais, obviamente, sobressai a de Mads que demonstra aqui o quão talentoso é ao carregar o filme aos seus ombros. Finalmente, quero deixar uma nota muito positiva para a cinematografia que nos permite estar muito perto das emoções sentidas por Lucas.

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