Vamos falar dos Óscares?


Eu confesso-me tristonha comigo mesma. Uma pessoa deixa-se contaminar pela animosidade da vida, perde um bocadinho do controlo e pronto, blog aqui ao desbarato e vocês acham que aqui esta minha veia de crítica (de meia tigela) vos deixou desamparados. Nada disso mas bem sei que tenho estado ausente e, aliás, acabei por ficar um bocadinho para trás no que toca a alguns filmes sendo que ainda não vi Vice, Roma, If Beale Street Could Talk (eu sei, eu sei, pecado!) fora todas as outras obras que já estrearam e que ainda não tive oportunidade de ver.

Mas bom, nada que me impedisse de ver a 91ª edição dos Óscares! E como o que eu gosto mesmo é de opinar, vamos lá, então, falar um bocadinho do que aconteceu ontem à noite.

Primeiro que tudo, devo dizer que esta edição sem apresentador aconteceu de uma forma bastante... Desinteressante e aborrecida. E especialmente por causa de toda a escandaleira com Kevin Hart e umas bocas foleiras que ele mandou há uns 20 anos atrás (ou parecido). É uma pena porque ele teria dado um certo encanto à cerimónia mais não sendo porque o tipo até tem piada e é descontraído. Acho, muito sinceramente, que teria adicionado aquela sparkle tão necessário e que fez falta.

Comecemos logo em grande: o Green Book que levou o Óscar para Melhor Filme. Reparem: eu gostei muito do Green Book. Muito, mesmo. Acho que é uma história bonita e que nos ensina uma grande lição. No entanto, há qualquer coisa que lhe falta para levar a estatueta. O quê, não sei. E, aliás, como não vi Vice nem Roma também não posso falar por demais, não é verdade? Talvez após meter os filmes em dia a decisão da Academia me faça mais sentido, ou então não faça de todo, quem sabe, mas há qualquer coisa que fica por explicar. Em todo o caso, acho que fez todo o sentido ter levado o Óscar de Melhor Argumento Original porque, como disse, é uma obra que vale realmente muito a pena. Nesse seguimento, fiquei extraordinariamente feliz por Mahershala Ali (detentor de um dos melhores sorrisos de Hollywood) ter ganho o Óscar para Melhor Ator Secundário, tornando-se assim o primeiro afro-americano a ganhar dois Óscares após Denzel Washington. Honestamente parece-me que Ali receberá ainda alguns ao longo da sua carreira e especialmente porque conseguiu tal proeza num tão curto espaço de tempo. Provavelmente tornar-se-á no primeiro afro-americano a ganhar o terceiro e o quarto. Adios, Denzel.

Sem grandes surpresas, Rami Malek ganhou o Óscar de Melhor Ator. E que ninguém me apedreje pelas seguintes palavras mas sabem que mais? Eu gostei de Bohemian Rapsody MAS teve um hype tão grande que eu fiquei com as expectativas demasiado elevadas. E pronto, receita para a desgraça porque eu acabei de ver o filme e gostei, claro, mas não me tocou da mesma forma que Green Book, BlacKkKlansman, A Favorita ou mesmo o Black Panther (oficialmente o meu filme favorito da Marvel). Mas bom, ninguém tira o mérito a Malek, obviamente, pese embora ainda me falte ver o À Porta da Eternidade interpretado pelo maravilhoso Willem Dafoe. Como criatura leal que sou, se Bale tivesse ganho eu teria ficado muito contente porque Christian Bale é só dos melhores atores de sempre e teve ali na passadeira vermelha lindo e maravilhoso após ter perdido os 20 kilos que a sua personagem em Vice exigiu (I mean, quem mais dá o corpinho ao manifesto da mesma forma que este senhor? Ninguém pá! Bambis). Ele merece TUDO.

Roma levou uma catrefada de Óscares dos quais eu realmente não posso opinar. Contudo, já estava à espera que levasse o de Melhor Fotografia porque apesar de ainda não o ter visto já sei que é um filme com uma estética muito bonita. Apesar de tudo, o meu coração ficou muito triste por Alfonso Cuarón ter levado o Óscar do Melhor Realizador. Quer dizer, caramba! O homem levou tanta estatueta para casa e não podia ter deixado este para Yorgos? Reparem, A Favorita deixa ali um travo a agridoce com aquele final deixado em aberto, que de aberto não tem nada, apenas de desconcertantemente inacabado, mas Lanthimos é um génio no que faz e lamento muito mas este devia ter ido para o grego. Pronto, acabou, não se fala mais nisto.

Shallow obviamente ia ganhar o Óscar da Melhor Canção Original e realmente a atuação de Cooper e Lady Gaga foi um grande momento na cerimónia. É claro que se eu fosse a Irina não deixaria que o meu homem andasse naquelas proximidades mas quem sou eu (a Pipoca Mais Doce escreveu um texto deliciosamente divertido sobre este assunto e eu realmente devo confessar que me senti desconfortável com tanta química, nossa senhora). Dou a mão à palmatória à Irina mas eu tinha muito cuidado que brincadeiras com russos não são coisa para se levar com ligeireza.

Outra surpresa foi Olivia Colman. Aliás, eu fiquei chocada porque Glenn Close está estupenda n'A Mulher. Colman acaba por nem ter metade do destaque que Close tem em comparação à performance de ambas nos respetivos trabalhos. Sinto-me enganada. Não estava à espera e não percebo. Não dá para voltar atrás e devolver?

A par com os Óscares mais técnicos e dos quais eu não percebo absolutamente nada, ficou-me a curiosidade para ver Free Solo Period. End of Sentence. (quero destacar a maravilhosa citação no discurso de aceitação e que me tocou profundamente "a period should end a sentence not a girl's education". BAM, é assim que se faz amigos). E de todas as Curtas-Metragens de Animação aconteceu por acaso ter visto Bao que foi também o vencedor e é assim só a coisa mais fofa deste mundo. Em termos de Melhor Filme de Animação, estava mesmo a torcer por Incredibles 2 apesar de, assim de repente, ter sido o único da categoria que vi (nada parcial).

Finalmente, queria só comentar o Óscar de Melhor Argumento Adaptado que não foi, de todo, uma surpresa. Quero realmente ler o livro de Ron Stallworth porque o filme de Spike Lee é uma maravilha que só ele. No entanto, não tenho grande opinião a dar porque a par com os já mencionados, falta-me ainda ver o Can You Ever Forgive Me?A Balada de Buster Scruggs (eu disse que tinha falhado nesta edição).

E pronto, é isto. Para o ano há mais.

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