The House That Jack Built (2018)


Muito li eu sobre este The House That Jack Built. Entre uma crítica que não aconselhava ninguém a ver o filme a uma notícia que dizia que em Cannes cerca de 100 pessoas saíram da sala, havendo quem, já agora, vomitasse no caminho... Não esquecendo o rapazinho da bilheteira que disse que tinha havido quem vomitasse ali no cinema e tivesse precisado de uns copos de água. Enfim, as expectativas estavam altíssimas! Sim, porque como vocês já sabem, aqui a vossa amiguinha claramente não é muito saudável da cabecinha porque delira com este frenesim sangrento e tudo o que é relacionado com filmes de terror.

Portanto, como disse, as expectativas estavam nos píncaros e devo dizer que A Casa de Jack é um filme absolutamente brilhante MAS não é o espectáculo de mutilação que estava à espera que fosse. Nesse aspeto até talvez desiluda um pouco, não nos esquecendo que a versão nos cinemas (Monumental e Nimas apenas - claramente a NOS não é muito amiga de Lars Von Trier) é a  R-Rated e não a Director's Cut (apresentada em Cannes). Se bem que, feitas as contas, tendo em conta o panorama da violência geral, não vejo Lars a sobrepor-se por demais ao que nos apresenta aqui. Isto, claro, porque parto do princípio que em Cannes as pessoas têm estômago fraquinho. Isso e uma mentalidade obstinada a tudo o que seja qualquer tipo de mutilação (especialmente a feminina e a infantil - relaxem, é só um filme e aquilo são atores, okay?).

The House That Jack Built é um filme muito mais intelectual do que alguma vez pensei que fosse. Na verdade é mais inteligente que macabro e neste último ponto ele consegue superar-se a si mesmo. Este Jack (Matt Dillon) é realmente uma pessoa absolutamente desequilibrada o que o faz ser, também, uma personagem extremamente interessante. A obra segue a vida de Jack, um serial killer, em 5 capítulos onde nos vai contando e mostrando alguns dos seus crimes. Não há grande história para além disso pois não estamos perante um mero thriller. Estamos perante um foco muito bem pensado no que é ser um serial killer, as suas manias e as suas principais características. Aqui não interessa particularmente o que tornou Jack neste psicopata com laivos de OCD mas apenas as histórias que ele nos conta. Ah, e como tudo se vai construindo tão bem! Ao mesmo tempo, vamos acompanhando um diálogo entre Jack e uma espécie de consciência, Verge (Bruno Ganz), onde surgem muitas questões pertinentes e algumas até difíceis de gerir pela audiência, fomentando o espírito crítico da nossa parte.

Matt Dillon vê aqui uma excelente oportunidade de mostrar o que vale e arrisco-me a dizer que este é provavelmente um papel que lhe ofereceu uma grande oportunidade de revigorar a sua carreira já que o senhor provou que jeito é coisa que não lhe falta. Em entrevista disse que as cenas nunca eram ensaiadas o que me faz nutrir um ainda maior respeito pelo ator. Dillon que, até agora, parece-me ter passado minimamente despercebido consegue aqui um absoluto destaque e bastante merecido por sinal.

Mas nem tudo é perfeito e devo confessar que a parte mais difícil de lidar é somente o trabalho de câmera, absolutamente nervoso e um bocadinho esquizofrénico, com zoom-ins e zoom-outs, ali a aludir a um boa dor de cabeça. Fora isso, por favor, vão ver. Não consigo pensar noutra palavra para descrever esta obra para além de simplesmente genial.

P.S. - E a banda sonora?!


Nota final: 5/5

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