Glass (2019)


O Protegido/Unbreakable, em 2000, e O Fragmentado/Split, em 2016, vêem em 2019 uma trilogia que, basicamente, demorou 19 anos a ser concluída. Neste sentido, tendo em conta que 19 anos dá para muita coisa e especialmente para solidificar uma ideia o suficiente, sinto que a expectativa para o desfecho era qualquer coisa de brutal.

Só que, infelizmente, M. Night ainda parece estar a estabelecer-se enquanto realizador (o que, sei lá, me parece um pouco irónico) porque o seu historial de filmes demonstra um par deles realmente interessantes mas a mesma quantidade de obras que não valem grande coisa (ou nada). Assim, de forma expectável, e após o espectacular Split (na minha modesta opinião) já estava à espera que após um grande sucesso, pudesse proceder-se a um falhanço enorme.

O que, claro, se veio a verificar.

Se por um lado Glass une, de facto, as pontas soltas de Unbreakable e Split, a verdade é que toda a história de base parece-me um pouco ridícula. Se calhar sou pouco receptiva a toda a ideia da banda-desenhada e humanos a verem-se como super-heróis, apresentando alguma dificuldade em me posicionar relativamente aos três filmes. Percebo que é suposto haver uma interseção entre todos estes tópicos mas não consigo passar para lá disso. Aliás, tudo se torna ainda mais complicado quando, no desenrolar da trilogia, há até laivos de uma possível história paralela, que poderá originar talvez uma prequela ou algo relacionado com esta trilogia. Enfim, uma mistela.

Não é que Glass seja mau. O problema é que há tanta expectativa que esta acaba por ser defraudada e pressupôs-se tanto sobre o que aconteceria, como aconteceria, que a queda foi inevitável. Nem tudo é mau, claro: James McAvoy continua a demonstrar ser um dos melhores atores da sua geração e Samuel L. Jackson continua a ser impecável a interpretar um pseudo-lunático. Já Bruce Willis continua a ser aborrecido. Por sua vez, Sarah Paulson é uma introdução refrescante e bastante mais importante do que se julga primeiramente (mas eu não vos vou dar spoilers!). Uma coisa que me apraz muito é o trabalho de câmera ter evoluído bastante ao longo destes anos todos (um pouco terrível em O Protegido, devo dizer).

Então, o que vai acontecer: sinto que as opiniões sobre este desfecho se vão dividir tremendamente. Pessoalmente fiquei bastante desgostosa porque tenho uma fé imensa no realizador que tanto me dá uma coisa boa como me dá uma coisa má e nunca é verdadeiramente consiste no seu trabalho. E uma pessoa apenas consegue aguentar uma quantidade limitada de altos e baixos.


Nota final: 2/5


Glass estreia hoje nos cinemas portugueses.

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