Beautiful Boy (2018)

Beautiful Boy é baseado nas memórias de David Sheff e de Nic Sheff, respetivamente interpretados por Steve Carell e Timothée Chalamet. Apesar de me parecer ter uma presença bastante discreta pelos cinemas portugueses, quero aqui apelar-vos para o irem ver porque vale muito a pena.

A presente narrativa traz-nos a história de um adolescente toxicodependente e da luta da sua família para o manter no caminho certo, pese embora tal batalha seja extremamente exigente com bastantes recaídas pelo meio. O que acontece neste tipo de filmes é que as batalhas das personagens acabam por ser as nossas próprias batalhas. Damos por nós a torcer por Nic, para que ele encontre a luz ao fundo do túnel; damos por nós a sofrer com David que, desesperadamente, tenta fazer o máximo que consegue pelo filho até que simplesmente deixa de o conseguir fazer, sem que qualquer um de nós possa, de facto, culpá-lo por tal.

Dois atores principais apelam à nossa empatia de uma forma bastante natural uma vez que as suas interpretações estão bastante bem conseguidas ainda que tivesse gostado de ver umas lágrimas reais na cara de Carell. Timothée, a cada filme que concretiza, revela-se um autêntico talento para a sua geração o que me deixa deveras satisfeita. Chalamet é um ator que tem uma brilhante carreira à sua frente e desconfio que vá ganhar um Óscar muito em breve, esperando eu que nos abençoe com este seu dom de representar papéis importantes (e interessantes!) no grande ecrã por muito tempo. Por sua vez, Carell, que eu tive sempre em consideração enquanto ator de comédias, tem-se cada vez mais afastado dessa concepção talvez demasiado perpetuada pelo The Office, grande referência no mundo das séries ainda nos dias de hoje. Em todo o caso, ninguém nega o seu talento apesar de, pessoalmente, não me ter cativado tanto como o seu companheiro de tela.

Beautiful Boy é um drama biográfico intenso, com uma linha temporal desconstruída; não há um passado, presente ou futuro por demais vincados, fazendo com que, ao invés, os vários momentos se entrelacem de forma fluída e "desorganizadamente organizados". Há que mencionar a banda sonora, uma vez que a música sempre foi muito importante na vida de Nic e, já agora, no tema homónimo de John Lennon.

Beautiful Boy não é leve, não é fácil mas é muito importante na mensagem que transporta e só por isto vale a pena.

Nota final: 5/5