CineFiesta'18: Diana (2018)


Num mundo em que o movimento #MeToo tomou as rédeas do poder para as mulheres, eis que o Alejo Moreno mostra-nos Diana, uma obra que tem toda a intenção em denunciar os abusos de poder por parte do sexo masculino.

Conhecemos Sofia (Ana Rujas), uma acompanhante de luxo que tem gosto no seu trabalho e não tem vergonha em o admitir. O nosso primeiro contacto com Sofia é através de uma entrevista para a televisão onde tenta desviar-se das perguntas-armadilha da entrevistadora, tentando fazer com que Sofia dissesse algo de errado.


Sofia conta então uma história sobre um cliente que teve, onde conhecemos Jano (Jorge Rolden), um empreendedor cujo todos o vêem como um exemplo a seguir. Jano apenas quer uma pausa da sua vida, que embora seja bem sucedido, também é igualmente monótono. Nesta procura de companhia, Jano descobre uma tatuagem com o nome Diana no corpo de Sofia. Assim, surge o mistério em descobrir quem é esta terceira pessoa.

É incrível como Moreno faz dum simples apartamento o palco principal desta história, onde as emoções estão sempre em alta. Não só é o argumento um contando de uma forma mais peculiar, como visualmente é atordoante como vemos a vida destas duas pessoas em confronto; este último culpa de Irene Cruz, conhecida fotógrafa e videografa, que faz a sua estreia neste filme na direcção de fotografia.

O sentimento perturbador ao qual se desenrola durante o filme, onde o retrato de algo mais próximo da vida real se sobrepõe o romantismo criado pelos filmes do género fazem com que Diana seja um filme que combate as ideias criadas por Hollywood. Isto parece ser reforçado por todos os envolvidos no projecto, já que a existe uma liberdade de expressão a nível visual e artístico, onde Ana Rujas incorpora a sua personagem de forma perfeita.


Por outro lado, conhecemos dois protagonistas que mostram a naturalidade do erotismo e do poder da sedução, como a dualidade do homem que apenas está feliz se tiver o que quer. Existem também várias cenas que são exploradas com algum experimentalismo cinematográfico, seja nos diálogos das personagens, que muitas vezes criam conflito; seja em como a diferença entre a realidade é retratada ao longo da película.

No fim, estamos perante um filme que pouco a pouco faz de si um caos organizado, que por vezes se perde no seu próprio universo, nunca revelando todas as cartas no seu baralho. Ainda assim Diana é uma obra aberta a múltiplas interpretações e disposição de ideias, subvertendo a narrativa tradicional e oferecendo algo memorável.


Nota Final: 4/5

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