Zoe (2018)


Todo o dilema de Homem versus máquina está de volta em Zoe, onde uma "sintética" se apaixona pelo seu criador.


A crítica internacional não tem sido particularmente gentil com este filme mas deixem-me dizer-vos que eu gostei bastante do conceito e da história, apesar de o final ter sido previsível e não me ter enchido as medidas.

Nesta obra, as máquinas (ou sintéticos, como lhes chamam) estão bastante desenvolvidas. Não há nenhuma dimensão temporal, não sabemos em que altura se situa, se amanhã, se daqui a 20, 50 anos. Mas tal não é sequer o objetivo. Nesta realidade, os sintéticos estão muito longe de serem as Sophias dos dias de hoje. Passam despercebidos enquanto humanos e só se distinguem destes por algo presente nos olhos. Diria que Zoe é uma Ex Machina 2.0. 

Cole (Ewan McGregor) trabalha numa empresa enquanto designer de sintéticos. Criou Ash (Theo James) e Zoe (Léa Seydoux). A diferença entre ambos é que o primeiro sabe de imediato que não é humano, ao passo que Zoe foi criada sem saber disso. Foram-lhe dadas memórias e ela desenvolveu-se a achar que era humana. Quando descobre que não é passa por uma espécie de crise de identidade (dentro dos possíveis, obviamente), mas é assim que a sua relação com Cole começa. 

A mesma empresa permite ainda avaliar a compatibilidade entre duas pessoas - antes de elas embarcarem no próximo passo, como por exemplo, o casamento - e encontra-se a testar um novo comprimido que dá aos seus utilizadores a experiência do se apaixonar pela primeira vez. Todas estas três vertentes entrelaçam-se muitíssimo bem em todos os momentos e fazem-nos questionar bastante sobre as relações, mesmo que entre sintéticos e humanos, e o que é ou não real para cada um deles. À medida que a trama avança, há também um subtil desenvolver das personagens que nos faz empatizar com todas elas e os seus dramas. 

Apesar de ser um filme relativamente curto - 104 minutos - acho que o argumento é complexo o suficiente para nos cativar com as diversas questões que nos apresenta sem, no entanto, nos fazer perder o interesse nelas mesmas. Estamos perante um filme de ficção científica muito facilmente considerado uma drama romântico com ênfase na inteligência artificial e respetiva (in)consciência, o amor, as suas dificuldades e as relações no geral. 


Nota final: 3.5/5

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