Slender Man (2018)


Em 2009, Victor Surge (nome real Eric Knudsen) participou num concurso de Photoshop onde o objetivo era manipular imagens reais com um elemento paranormal. Daqui surgiu um homem sem rosto, magro, com braços anormalmente grandes e com tentáculos que se podem alongar a seu bel-prazer. O seu nome é Slender Man.

Rapidamente se tornou num fenómeno de Internet que induziu as pessoas a acreditarem naquilo que se tornou num mito urbano. De facto, esta "criatura" foi até alvo de uma grande atenção quando em 2014 duas crianças de 12 anos, num jogo de hide-and-seek no Wisconsin, atraíram uma colega sua para uma floresta onde o seu objetivo era matá-la. Disseram que foi Slender Man quem lhes mandou cometer tal ato horrífico. Uma das atacantes foi condenada a 40 anos de internamento numa instituição psiquiátrica.

Daí a que Slender Man se tornasse num assunto bastante popular mesmo antes da sua exibição foi um instantinho. O pai da vítima, Bill Weier, afirmou que a obra estava a tentar capitalizar o assunto, acusação da qual o realizador salvaguardou-se ao dizer que nunca faria um filme onde o assunto principal fosse o acidente supra-citado.

E tenho que concordar com o realizador Sylvain White. Para além de não haver alusão ao acidente, há até uma certa lealdade ao mito do qual foi criada a presente história. 

Quatro amigas de liceu, depois de verem um vídeo (muito The Ring vibes) para convocação do Slender Man começam a sofrer de pesadelos e visões. Apesar de não quererem fazer uma associação ao vídeo - pela negação óbvia de que tal não poderia ser possível - uma delas desaparece desencadeando toda uma psicose geral nas três restantes.

Sumários à parte, e atendendo à minha geral dificuldade em gostar de filmes de terror, eu quero deixar uma nota positiva de reconhecimento porque, surpresa!, Slender Man não é nada mau. É, aliás, tecnicamente muito forte e com um talentoso elenco do qual destaco Joey King (Wren), que à medida que vai ficando cada vez mais louca torna-se mais cativante, e Julia Goldani Telles (Hallie) cujas cenas onde o principal objetivo é demonstrar a sua progressiva falta de noção do que é real ou não, são as mais bem concebidas. A fotografia e a banda sonora fazem também uma grande operação de charme. Na verdade, a música consegue deixar-nos também a nós um bocadinho malucos.

Curiosamente, as cenas em que se vê explicitamente a personagem paranormal são as menos interessantes porque não há nada real naquilo. Sei lá, não havia efeitos melhores? Mas posto este ponto fraco pormenor de lado, não deixa de ser uma obra visualmente muito forte o que me surpreendeu por demais e motivo pelo qual contribuiu para o meu interesse.

Assim, atendendo ao elenco e à forma como a psicose foi construída, gravada e passada para o público, devo dizer que têm razões mais que suficientes para gastarem dinheiro no bilhete de cinema.


Nota final: 3.5/5

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