Review | Le Retour du Héros / O Quebra-Corações (2018)


As comédias francesas são aquele trabalho mediano que desempenham o seu papel, que fazem com que passemos uma boa hora e meia descontraídos no cinema mas que facilmente se tornam esquecíveis. E não há mal nenhum nisso se o objetivo for simplesmente não pensar em nada.


O Capitão Charles-Grégoire Neuville (Jean Dujardin) tinha pedido a mão em casamento de Pauline (Noémie Merlant) quando é chamado para ir combater na Áustria, prometendo-lhe escrever com frequência. Só que tal não acontece, Pauline adoece e a irmã, Elisabeth (Mélanie Laurent), para a manter agarrada a alguma coisa, começa a escrever cartas em nome do Capitão. Com a passagem do tempo, e por forma a que a vida da irmã avance, Elisabeth decide "matar" Neuville até que num passeio se depara com a sua figura completamente diferente da que estava à espera. A partir daí, uma sucessão de peripécias acontecem, algumas mais clichés que outras mas com um final bastante expectável até.

O elemento que confere mais hilaridade às comédias francesas é a forma irónica com que  as personagens são representadas. Dessa forma, o espectador acaba por se rir pela naturalidade inerente aos atores. Já é bem conhecida a minha posição sobre a inexpressividade geral dos franceses, talvez por uma falta de jeito em representar (de alguns) ou talvez por uma questão cultural, mas, surpreendentemente, o elenco deste filme é mais expressivo do que qualquer outro que tenha encontrado. Assim, foi com grande satisfação que vi algum "exagero" para aquilo que eu considero ser os padrões franceses fazendo com que a coisa tenha funcionado bastante bem.

No entanto, quem acaba por roubar as atenções é mesmo Mélanie, que ao lado de Dujardin protagoniza esta obra, parelha essa que não podia ter funcionado de melhor forma.

Como já referido, este é uma obra divertida, muito ligeira e ideal para um Domingo à tarde. Não esperem, contudo, que seja o filme da vossa vida. No entanto, em comparação com as comédias americanas, as francesas dão 10 a 0 a todas elas. Infelizmente, o humor americano é estupidificante e à base de piadas idiotas. No caso europeu, há uma interação bem mais inteligente entre a história, as situações, diálogos e atores.


Nota final: 3/5

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