Review | Deadpool 2 (2018)


Ryan Reynolds é um típico canadiano amigável e engraçado. E tal como tantos outros atores, Ryan está já associado a um certo género de filme. Esta imagem de Reynolds conserva-o, há já algum tempo, no mesmo estilo de comédia americana que, na verdade, não tem assim tanta piada. Mas é algo que lhe vem facilmente ao de cima uma vez que o tipo é realmente divertido na vida real.

Quando em 2016 o primeiro Deadpool saiu, houve ali uma pequena desfragmentação da sua projecção cinematográfica. Na verdade, a linha que separa Ryan deste seu Deadpool parece ser bastante fina uma vez que até a sua mulher Blake Lively não sabe muito bem dizer qual é a diferença. Esta fusão é bastante vincada e fácil de ser verificada através de um par de entrevistas (obviamente, que pela parte positiva). Para lá deste personagem cáustica, irónica e completamente desbocada, ele também é bastante engraçado, claro.


Vou-vos ser sincera: eu não gostei do primeiro filme porque achei que não tinha piada alguma. Lembro-me que na altura foi bastante aplaudido por ser um anti-herói, por quebrar algumas barreiras que as obras de super-heróis tinham. Foi bastante refrescante e inovador no género, disseram. Mas não me agradou, pronto. Assim sendo, as minhas expectativas para esta sequela eram, a bem dizer, nulas.

Mas, surpreendentemente, esta segunda parte é bastante melhor que a primeira, pese embora seja um filme que:
  • não se leva a sério nem um bocadinho;
  • que goza com ele mesmo; 
  • que está cheio de referências à cultura americana o que poderá ser difícil para algumas pessoas acompanharem - especialmente se forem mais novas ou de outra nacionalidade qualquer. Eu própria não cheguei lá algumas vezes (acontece).
Com isto quero dizer que em termos de conteúdo é mais do mesmo: ele praticamente não existe apesar de ter uma pseudo linha condutora baseada no amor por Vanessa (Morena Baccarin) e no desejo de salvar Firefist (Julian Dennison) de um futuro demasiado negro para tão singela criança. Para além disso, há uma grande interceção com o universo da Marvel mas sempre de uma forma bastante egocêntrica (neste aspeto Deadpool dá 10 a 0 ao Iron Man e Doctor Strange) porque tudo gira à volta desta macabra personagem. Mas não deixa de contar com a especial participação de Hugh Jackman no papel de Wolverine - cuja referência serve como ponto de partida para esta obra - e com um cameo bastante especial (vulgo, Brad Pitt).

Para além de um marketing muito agressivo e com o qual a sua audiência se identifica, Deadpool resulta enquanto filme de comédia e muito pouco como filme de ação. A primeira porque é à base de piadas e gozo alheio e a segunda porque é pontual e simplesmente para encher chouriços não sendo verdadeiramente necessária para nada (para além de saciar a sede de sangue e violência gratuita). Mas resulta, mais não seja porque pertence à franquia Marvel e bem sabemos o quão especialistas eles são em blockbusters.

Eu não estava à espera de gostar tanto mas a verdade é que saí estupidamente surpreendida da sala de cinema e julgo que será do agrado dos fãs. Mas mais que um anti-herói, Deadpool consegue ser um anti-tudo não deixando de lado mensagens importantes no meio de tanta pretensão cómica.


Nota final: 3/5

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