Review | All I See is You / Só Te Vejo a Ti (2017)


Jason Clarke volta a aparecer no grande ecrã e desta vez numa parelha romântica com Blake Lively, que interpreta a sua esposa cega, Gina.

Gina e James vivem na Tailândia, por ocasião do trabalho dele. Naturalmente, ela é extremamente dependente o que, de uma forma perturbadora, o agrada sobejamente. Fá-lo sentir com algum tipo de significado. Até que ela se submete e uma cirurgia inovadora e recupera a sua visão. E em bom Português, aqui é que a porca torce o rabo.
"Não és como eu imaginava", diz ela. Não podemos deixar de sentir uma nota de desilusão na sua voz. Mas de alguma forma isso não parece lhe interessar. Afinal, são casados e vivem há muito tempo juntos. Mas durante a viagem a Barcelona, para visitarem a irmã de Gina, Carla (Ahna O'Reilly), ela sofre uma transformação pessoal. A modos que se descobre outra vez: começa a prestar atenção ao que veste, usa maquilhagem... E bem sabemos que Lively é a típica mulher gostosa. Quem obviamente não acha piada nenhuma é Clarke que, de repente, vê a sua mulher sem graça transformar-se no alvo de atenções masculinas.
All I See is You é um filme extremamente cativante e interessante pois o seu aspeto psicológico é o ponto forte desta trama. E já cá fazia falta alguma coisa com consistência. Neste ponto temos três ângulos diferentes sob os quais perspetivar esta obra: primeiro que tudo, temos uma mulher que se está a (re)descobrir e está a gostar de o fazer; por outro, temos um marido que deixa de ser tão necessário e isso acerta-lhe no ego de uma forma inesperada; obviamente que isto não vai dar bom resultado a nível da dinâmica e a relação começa a deteriorar-se. Daqui para os comportamentos obsessivos e perversos de James vai um pulinho.
Marc Forster realizou esta obra que conta com uma estética muito interessante mas que, a nível de argumento, tem ali uns momentos esquisitos e especialmente no que toca ao marido de Carla, Ramon (Miquel Fernández). Mas a forma como a relação é explorada e como o ego masculino se vai abaixo fazem-nos esquecer de alguns pormenores. Em termos de elenco, gostei muito das personagens principais, com Clarke a demonstrar a sua versatilidade enquanto ator. Este ano já o vi em Mudbound, Winchester e agora aqui. Todos os papéis são completamente diferentes entre si e em todos eles Jason não falha.
No final, permanece uma centelha de dúvida quanto ao que realmente aconteceu (ou deixou de acontecer) o que, pessoalmente, me agradou imenso. Nesse sentido, acho que adiciona uma boa dose de mistério e de interesse, aumentando, aliás, a qualidade desta obra.
Nota final: 3/5

Mensagens populares