Review | Soldado Milhões (2018)


Depois dos aborrecidos Amor Amor e Aparição e do infernal Encontro Silencioso, eis que alguma fé no cinema português me foi devolvida. Isto porque Soldado Milhões é maravilhoso e um exemplo daquilo que se deve fazer.


Durante a Primeira Guerra Mundial, na batalha de La Lys, na Flandres, muitas foram as perdas mas houve uma pessoa que se destacou. Apesar de herói, Aníbal não queria esse tipo de reconhecimento, e é essa história que vemos aqui contada, numa sucessiva sequência de antes e depois. Aquilo que eu mais gosto na 7ª Arte é a possibilidade de conseguir aprender tanto num curto espaço de tempo. Eu admito que não sou a maior fã de História por isso, sem surpresas, desconhecia este Soldado Milhões ou, traduzindo por miúdos, Aníbal Augusto Milhais.  

João Arrais e Miguel Borges desempenham esta personagem em dois momentos muito diferentes da história. Se, por um lado, temos João enquanto jovem soldado e no palco de toda a ação, Miguel é o Aníbal já em Portugal, num contacto muito pessoal com a filha Adelaide (Carminho Coelho). Ao longo da trama temos a realidade das trincheiras e há mais jovens que se destacam: Penacova (Tiago Teotónio Pereira), Sabugal (Isac Graça) e Malha Vacas (Raimundo Cosme), todos eles constituintes de uma espécie de irmandade de ajuda e apoio perante a situação em que se encontram. A impor ordem e estabilidade temos Ivo Canelas, o Capitão Ribeiro de Carvalho.

No processo de criação do filme, temos um largo estudo por parte dos realizadores Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa, este último também a contribuir para o argumento escrito por Mário Botequilha. A ação foi gravada em Alcochete e envolveu muita pós-produção ao longo de 8 meses.

Esta obra só peca nos pobres efeitos especiais mas em termos de elenco e realização não falha. Se todos os filmes portugueses fossem assim, a coisa corria muito melhor e eu não adormecia a meio. Também acho que haveria uma audiência muito maior para além de casos específicos como Call Girl ou O Crime do Padre Amaro, entre outros que vêem no sexo a única forma de vender bilhetes (nada contra mas toda a gente sabe que as mamocas da Soraia Chaves são um apelo muito generoso). Este filme de guerra é apropriado a toda a gente e acho que a família Milhais, entretanto Milhões, vai gostar desta homenagem. Eu enquanto espectadora não podia ter ficado mais surpreendida e contente com o produto final.


Nota final: 4/5
P.S. - Entrevista com os atores João Arrais e Ivo Canelas muito em breve no blog!

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