Review | The Strangers: Prey at Night (2018)


Pessoal, estamos em 2018. Como é que é possível que ainda se façam filmes de terror tão maus? I mean, quem é que tem o pouco discernimento para ir em frente com um projeto que, a léguas de distância, é reconhecível como péssimo?

Dez anos depois de The Strangers, um filme com Liv Taylor e Scott Speedman, eis que nos chega aquilo que muitos pensam ser uma sequela mas que nada tem a ver com o primeiro. Excepto, claro, no facto de existirem três malucos a tentarem matar os protagonistas. Haaam, e é basicamente isto. É claro que não poderia faltar o "baseado em factos verídicos" o que para além de ser mentira (tenho quase a certeza que se um massacre destes tivesse acontecido a coisa tinha sido noticiada algures no tempo) é tão extrapolado quanto tinha sido com o primeiro. Portanto, o caso parece não se afigurar de forma muito positiva, certo? Preparem-se então para um dos piores filmes do ano - ou de sempre.

*spoilers alert*

Vamos lá a ver:
  • Há uma tentativa de inserir uma história o que é, por si só, absolutamente expectável. Kinsey (Bailee Madison) é a típica adolescente frustrada com a vida, que arranjou sarilhos suficientes para que os pais decidissem metê-la num colégio interno. Não esquecendo, claro, o conflito direto com a figura materal, Cindy (Christina Hendricks). O exagero está todo aqui. Mas hey!, filme errado! Isso é no Lady Bird amigas. Cliché número 1: check!
  • É claro que Kinsey e o irmão Luke (Lewis Pullman) têm a típica relação de irmãos onde estão constantemente a meterem-se um com o outro. Cliché número 2: check!
  • A música. Se por um lado tem uma vibe muito catita dos anos 80, por outro, os sons atrelados aos momentos de susto e suspense são mais do mesmo. Cliché número 3: check!
  • Os predadores sabem sempre, sempre!, onde estão as suas presas. Mas colocaram-lhes dispositivos GPS e essa parte não apareceu? Ou, sei lá, têm capacidade mediúnica? Porque aquela antevisão de onde as pessoas se vão esconder é espetacular. Pessoas assim nunca perdem nada porque já sabem onde as suas coisas vão parar! Cliché número 4: check!
  • Pessoas a fugirem e a gritarem ao invés de estarem caladas para não atraírem as atenções sobre si mesmas. Cliché número 5: check! Momento estúpido do filme 1: check!
  • Então e quando já vos mataram os pais, claramente as próximas vítimas são vocês e mesmo assim a moralidade mato/não mato vem ao de cima? E nem uma asneirinha? Nem uma ofensa? Are you even humans? Nem um resquício de raiva nem uma avidez de vingança? Que são vocês? Robots? Momento estúpido do filme 2: check!
  • Quando Kinsey pega naquilo que parece ser uma caçadeira (não sou nenhuma expert em armas), dispara, e a pessoa não morre logo. Cliché número 6: check.
  • Mas depois descobrimos porque não morreu. Ela tinha que perceber o porquê de andarem feito maluquinhos a perseguir inocentes. Cliché número 7: check.
  • E eis que uma oportunidade de um diálogo incrível aparece mas resume-se a isto: "porque fazem isto?" (suspense) "porque não?". Desculpem, que porcaria é esta? Porque não? Só isso? É mesmo o melhor que consegues fazer? Nem um "a minha família foi morta e agora quero vingar-me" ou "gosto de sentir o sangue nas minhas mãos" ou "gosto da adrenalina" ou até "porque é divertido"? Nada melhor? A sério?? Momento (muito) estúpido do filme 3: check!
  • Quando o último dos perseguidores aparece e Kinsey acha por bem deixar a caçadeira dentro do carro. Momento estúpido do filme 4: check!
  • Como se não houvesse maus momentos o suficiente este ainda é um daqueles filmes onde o perseguidor não morre por nada deste mundo. Cliché número 8: check! Momento estúpido do filme 5: check!
  • E que final terrível. Absolutamente expectável e, ainda assim, impossível. Mas hey, o outro também foi difícil de matar por isso tudo pode acontecer, não é verdade. Cliché número 9: check! Momento estúpido do filme 6: check!

*final de spoilers*

Não quero deixar de referir o péssimo acting no geral com excepção do pai, Mike (Martin Henderson), que não era tão medíocre assim. Não tinham alguém mau para que uma pessoa não sentisse pena do ator? Deve ser um bocado chato trabalhar com um grupo de pessoas que não puxam muito ao talento cinematográfico...
Não se apoquentem. Nem tudo é mau. Okay, 90% vá. Mas existem coisas que gostei. Gostei da fotografia e a forma como o filme foi gravado, única e exclusivamente porque fizeram uma clara alusão aos filmes de terror mais antigos. A aura do filme é extremamente vintage e músicas como Total Eclipse of The Heart contribuem sobremaneira para que tal aconteça.
Com isto tudo, só tenho uma coisinha a dizer: Razzies, deixem o Fifty Shades em paz! Isto aqui é material de primeira categoria em tudo o que há de errado no cinema! E não confiem no IMDB, porque esta obra-prima está com 6.6/10 o que me deixa a pensar sobre a sanidade de quem votou...
Nota final: 1/5

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