Review | Ready Player One (2018)
Bem vindos a OASIS. Um jogo de realidade virtual onde a maior parte das pessoas vai... Para ficar. Porque em 2045, a realidade é feia e pobre e horrível. E em OASIS podemos ser quem quisermos, fazermos o que quisermos, estarmos com quem queremos, construir à nossa vontade... Enfim, um paraíso para todos aqueles para quem a realidade nada de bom traz.
Halliday (Mark Rylance), o criador de OASIS, após a sua morte lançou o último dos desafios: ele colocou um Ovo da Páscoa dentro do jogo e quem o encontrar, para além de herdar uma imensidão de dinheiro, terá total controlo do mesmo. Obviamente que isto despertou a curiosidade de milhares e milhares de utilizadores mas o primeiro a chegar a qualquer lugar foi Parzival - ou Wade na vida real - (Tye Sheridan). Wade vive a maior parte da sua vida no jogo e é lá que tem o seu melhor amigo Aech (Lena Waithe) e a sua ciberpaixoneta, Art3mis (Olivia Cooke). Mas quando ele sobe diretamente para o primeiro lugar do Marcador, para além de se tornar numa enorme celebridade, a concorrente de OASIS, a IOI, comandada por Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn), ganha um súbito interesse pela sua personagem. E será aqui que Wade perceberá que a linha entre a vida real e a vida virtual é mais ténue do que estava à espera.
Eu simplesmente adorei este Ready Player One e nem sequer gosto de jogos de computador. O que se passa com esta obra é que para além de ser de Steven Spielberg e, portanto, tem já um selo de qualidade atrelado, é simplesmente excitante e os gráficos são de outro mundo. É muito engraçado verificar que houve uma preocupação soberba em manter o jogo o mais fiel possível àquilo que são os jogos de computador (falo, obviamente, relativamente à concepção que tenho deles). Há, sem dúvida, uma incrível atenção dada aos pormenores e isso enriquece substancialmente este filme. E quando contrastado com a vida real, esta apresenta-se cinzenta e decrépita, para demonstrar ao espectador o porquê de tanta desejabilidade em permanecer no OASIS. Face ao que nos é apresentado, até eu preferia viver lá (e isto é dizer muito).
No entanto, não estamos perante um simples filme de jogos de computador o que o torna bastante interessante. Para além de toda a componente de mistério e ação, há um par de mensagens não-assim-tão subliminares que valem a pena ser mencionadas. Se por um lado já existe a tecnologia mostrada, assusta o facto de nos podermos tornar na sociedade que é retratada. Há também uma preocupação em focar a dependência nos jogos e o facto de, inevitavelmente, interferir com a vida real. Traça uma caricatura à adulação que muito se vive nos dias de hoje e especialmente por pessoas que pouco interesse ou relevância têm verdadeiramente. Na verdade, todo a divindade que Halliday é para os milhares dos utilizadores é um pouco exacerbada. Ele é um fenómeno de culto que leva a que muitas pessoas vivam para tudo o que ele fez e criou e foi. E isso, para mim, não faz sentido. Mas há, sobretudo, um apelo a que não se viva simplesmente na vida virtual pois, na verdade, tudo de interessante se passa na real. Não esquecendo a importância da amizade que é muito fomentada ao longo da obra.
Ready Player One é baseado num livro escrito por Ernest Cline (com quem Zak Penn escreveu o argumento) que é um bestseller do New York Times e cá em Portugal já vai na 3ª edição. Mas a par com Red Sparrow temos aqui duas coisas completamente diferentes uma da outra. O livro em nada tem a ver com o filme e, sinceramente, não percebo o porquê de tanto alarido à volta deste já que a escrita é relativamente pobre. Tudo é diferente, com excepção das personagens, mas até os desafios e o percurso da história sofrem grandes alterações. Aliás, ambos originam duas experiências completamente distintas. Em todo o caso, estamos perante um caso em que o filme supera em larga escala a obra que o originou.
Concluindo, para além de extremamente divertido e de garantir um bom bocado, quero recomendar o seu visionamento em IMAX pois de outra maneira não faria sentido. A maior parte do enredo passa-se dentro do OASIS e esta tecnologia permite-nos, a certa altura, sentir como se também nós fôssemos uma das personagens do jogo.
Concluindo, para além de extremamente divertido e de garantir um bom bocado, quero recomendar o seu visionamento em IMAX pois de outra maneira não faria sentido. A maior parte do enredo passa-se dentro do OASIS e esta tecnologia permite-nos, a certa altura, sentir como se também nós fôssemos uma das personagens do jogo.