Review | Mary Magdalene (2017)


Comummente Maria Madalena sempre foi pintada como uma prostituta. Era conveniente que tal acontecesse para essa grande instituição que é a Igreja. E é engraçado constatar que estas mentiras que se perpetuam no tempo possam adquirir contornos tão robustos no nosso sistema de pensamento que após o convite para a visualização deste filme, os membros representativos da Igreja em Portugal firmemente o negaram.

Mas apesar de considerar que este facto já está ultrapassado e por muito que espere que aquilo que eu julgo ser de senso comum possa não o ser para outras pessoas, a verdade é que Maria Madalena nunca foi uma prostituta e contar a sua história "verdadeira" pode ter sido uma das principais motivações para a realização deste filme.


O que me levou ao cinema não foi tampouco o tópico da religião mas antes o elenco. Rooney Mara no papel principal e Joaquin Phoenix como Jesus são fortes razões para convencerem o mais céptico. E independentemente do sistema de crenças de cada um, este é um filme a não perder mais não seja pela história e pelas excelentes interpretações aqui presentes.

Não vale a pena sumarizar esta obra uma vez que me parece bastante óbvia apenas pelo seu título. O mais interessante na caracterização desta história é o facto de, apesar de Jesus ser uma figura extremamente importante, o filme é completamente centrado na personagem feminina e isto, meus senhores, é de louvar. Jesus está lá, toda a gente dá por ele mas nunca se perde o foco: Maria Madalena é a personagem principal e não há ali homem que se intrometa.

Por motivos óbvios, acho extremamente importante, no contexto social atual, a valorização do papel da mulher por isso é natural afirmar que estamos perante um filme que, pura e simplesmente, cai bem na época em que estamos. Também senti que não pretende qualquer tipo de sobrevalorização do Cristianismo. Acho que é uma obra imparcial nesse sentido: pegou-se numa história conhecida que foi adaptada ao cinema mas sem qualquer objetivo de doutrinação.

O realizador Garth Davis já tinha tido grande sucesso depois de Lion e julgo que esta obra lhe permitirá continuar o seu sucesso. Estamos perante um filme que vale muito a pena, sejam crentes ou não, acreditem ou não. Rooney Mara já demonstrou que é excelente no que faz e continua a apostar em papéis que lhe permitam mostrar a sua versatilidade. Melhor era impossível.


Nota final: 4/5

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