Review | Film Stars Don't Die in Liverpool (2017)


Esta coisa de que o amor é para os jovens é uma treta e todos sabemos disso. Baseado na história verídica de Gloria Grahame (Annette Bening) e Peter Turner (Jamie Bell), estamos perante uma obra que nos demonstra que o amor é para todas as idades e que todos podemos ter o nosso romance como nos filmes.

Estamos em 1979 e Peter Turner é um ator de Liverpool que vai para Londres atrás do seu futuro. Um dia, enquanto vasculha o seu correio, a sua vizinha Gloria mete conversa com ele. Podemos dizer que é aqui que a amizade entre ambos acontece e, curiosamente, ao som de Boogie Oogie Oogie. Rapidamente se desenvolve um romance entre ambos apesar dos quase 30 anos que os separam.

Film Stars Don't Die in Liverpool vive de reminiscências ao passado, demonstrando dois períodos de vida completamente diferentes, sendo que o Presente diz respeito a 1981 e mostra-nos uma protagonista feminina doente com cancro da mama. Os seus últimos momentos em vida foram passados na casa dos pais de Peter, o qual escreveu o memoir que deu origem a este filme. 

Mas nem só de amor ou de doença nos fala este filme. A questão da juventude versus a velhice é sublinhada mais não seja porque Gloria se vê constantemente confrontada com esta questão. Muitas vezes vira-se para Peter e lhe pergunta se a acha velha. Para uma estrela que sempre se viu nas bocas dos mundos por ser linda e charmosa, o confrontar-se com o seu próprio envelhecimento apresenta-se como uma luta difícil e especialmente quando envolvida com um tipo muito mais novo. No entanto, podemos analisar a situação de forma inversa, onde o seu romance pode relembrar-lhe os seus tempos áureos. De qualquer das formas, a honestidade dos sentimentos entre ambos não poderá ser posta em causa.

Esta obra realizada por Paul McGuigan consegue captar muito bem os tempos de outra época. As suas deambulações entre o passado e o presente consistem em transições bem feitas entre ambos os momentos e permitem que exploremos melhor as nossas personagens. E se nos vamos debruçar sobre os atores, Jamie Bell tem aqui o seu papel mais marcante desde Billy Elliot. Bem que se passaram muitos anos e nos entretantos Bell foi estando sempre presente no cinema mas nada que o fizesse destacar desta forma. Em entrevista, o ator disse que nunca tinha ouvido falar de Grahame, o que acabou por preservar muito da inocência da sua personagem uma vez que Peter Turner foi alguém que se apaixonou por uma mulher da qual não sabia quase nada - muito menos que tinha ganho um Óscar. Já a sua parceira de tela, Annette também é fantástica e muito elegante, havendo uma transformação extremamente evidente entre os momentos focados. 

Apesar de não haver grande informação enquanto o tipo de pessoa que Gloria era, o filme quis preservar a visão de Turner relativamente à mulher que amou. Nesse sentido, esta biografia, embora pautada pela tragédia no final, não deixa de ser um belo romance entre dois seres humanos que, contra todas as expectativas, é capaz de ter sido um dos mais importantes na vida de Grahame pelo facto de Peter ter estado sempre presente na sua luta contra a doença.


Nota final: 4/5

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