Entrevista | Nuno Casanovas



Nuno chega à entrevista com um sorriso convidador e os seus cabelos desgrenhados. É uma cara familiar do público não tivesse já estado presente em séries como Olhos de Água, Bons Vizinhos, Clube das Chaves, entre outros.

O seu percurso académico passa por Cinema na Lusófona, entretanto foi para Budapeste tirar o Mestrado, o qual não foi do seu agrado, acabando apenas por ficar durante 6 meses, o que diz ter sido uma espécie de Erasmus já que todos os seus amigos de lá estavam nessa modalidade. Foi em Londres que tirou o Mestrado em Direção de Fotografia na Met Film School e já no seu término juntou-se às filmagens de Amor Amor de Jorge Cramez.

Nuno é um jovem descontraído e simpático. Entre algumas curiosidades, foi entre risos que confessou que se pudesse trabalhar com alguém seria Kubrick “mas não enquanto ator”. Gosta de viajar mas cada vez mais pretende "evitar aviões e grandes cidades". Gosta de animais e se não tivesse seguido o seu atual caminho, seria com eles que gostaria de trabalhar. Tem dois cães e antes de Budapeste chegou a fazer voluntariado na União Zoófila.

Já no final perguntei-lhe se havia alguma pergunta que gostava que lhe tivesse feito - uma espécie de inversão de papéis - ao que respondeu não (obrigada, obrigada!). Mas talvez estivesse só a ser engraçado. Afinal, encontra-se neste momento a trabalhar numa comédia (uma peça de teatro) onde reforçou o facto de os timings serem de extrema importância no que toca ao impacto da piada e no feedback obtido pelo público.

Fala-me um pouco sobre o teu percurso enquanto ator.
Entrei neste mundo atraves do meu pai, operador de câmera, que trabalhava nos programas tipo Quem Quer Ser Milionário. Ia aos estúdios e ia ver. Achei graça e comecei a fazer figuração. Aos 8 anos pensava “quero fazer parte deste mundo”. Uma pessoa não pode ser técnica de luz mas pode ser ator. A figuração foi, durante muitos anos, uma brincadeira. Quando tinha 15 anos comecei a ter personagens que falavam pouquinho nas novelas; aos 18 – na altura de se ir para a Faculdade - era para ir para o Conservatório mas o que eu gosto é de Cinema e das câmeras, então,  tirei Cinema na Lusófona. Continuei a trabalhar enquanto ator. Como estava a estudar não tinha tempo para as novelas e comecei a fazer publicidade, dobragens e teatro. É uma coisa que gosto mas que não interpreto como trabalho apesar de ver como o meu ganha-pão. É algo que eu gosto apesar de não ter experiência académica em termos de Representação.

Como foi trabalhar com o realizador Jorge Cramez e como houve contacto com este projeto?
Estava em Londres. Conheci o Cramez noutro filme (Os Maias) e eles iam filmar em Janeiro mas na altura tiveram problemas de financiamento e quem ia fazer o meu papel era o Miguel Nunes.  Quando adiaram a rodagem, o Miguel já não podia porque tinha outro projeto. Ele começou a fazer castings e o Diretor de Totografia, João Ribeiro, falou de mim. O Cramez contactou-me, fiz um vídeo em Londres,enviei e ele disse “okay, recebemos”. Por algum motivo eu vinha a Lisboa, contactei-o e disse que se quisesse, podia fazer o casting presencialmente. Fiz e fiquei e tive que acabar o Mestrado muito rápido.

Tu realizaste um curta, Para Veres. Como é que isso se sucedeu?
Através de um programa internacional da Lusófona que consistia numa parceria entre quatro escolas europeias (Colónia, Bruxelas, Budapeste e Lisboa) onde quatro alunos de cada escola se reuniam. Foi durante um ano, uma coisa que podias fazer paralelamente ao teu curso, e cada aluno apresentava uma curta. Em Lisboa tinhas módulos de efeitos especiais, fotografia e à medida que passavas para outros módulos haviam curtas que iam sendo eliminadas. Eu passei a parte portuguesa com os atores Cristóvão Campos e Sara Barros Leitão.

Podes descrever-me, de forma sucinta, o Amor Amor?
Fala sobre várias perspetivas sobre o amor – mais positivo, mais negativo, mais emocional, mais científico – que convergem em 4/5 pessoas durante a Passagem de Ano.

Como foi trabalhar com a Margarida Vila-Nova enquanto “parceira romântica”?
A Margarida é uma pessoa super profissional. Sabe o que a cena precisa e é muito descontraída. Ela faz aquilo sem esforço nenhum. Não a considero como parceira romântica porque a minha personagem estava sempre muito noutra. Acaba por ser um jogo de mentiras e de segundas intenções.
 
Como descreverias o Carlos? Que semelhanças tens com a personagem?
O Carlos é uma pessoa que aceitou a sua sina de estar com uma pessoa de quem gosta mas que não é sua cobiça. Aceitou que isso não era possível. Faz com que ele seja uma pesoa muito calma, muito ansiosa e não muito alegre. O que temos parecido... É muito low profile, acho que também sou. Muito tranquilo. Mas depois é um bocadinho passivo demais e isso já não gosto muito. Houve vezes em que me apeteceu apertar-lhe o pescoço, “não estás feliz, mexe-te!”.

Estamos perante um filme introspectivo com cenas bastante longas que põem o espectador a pensar. O que esperas que absorvamos daquilo que vimos?
Não sei. O objetivo é esse; depende de cada um... Cada um vai-se identificar com as diferentes vivências e as perspetivas variam para cada pessoa.

Afinal, o que é isto do “amor amor"?
É diferente para toda a gente.

Anthony Hopkins disse que o seu processo criativo era simplesmente ler o guião. Qual é o teu?
Eu como venho desta veia da área de cineasta leio o guião e tento imaginar o filme na minha cabeça: o que é que esta personagem exige e que propósito tem para a história; o que tenho que fazer para que a personagem ganhe vida por forma a passar a informação que é necessária.

Que tipo de projetos mais gostas? Publicidade, curtas, longas, realização?
Trabalho como ator, editor, realizador, assistente de produção... Diria que gosto de Cinema. Entre tudo o que já fiz o que mais gosto é Cinema. Às vezes leio uma historia e penso que gostava de ser esta personagem. Outras vezes penso “gostava de realizar”. Depende do projeto.

Que futuros projetos te aguardam?
Estou a fazer uma peça no Teatro do Bairro que estreia a 21 de Março, uma comédia. Acabei uma série para televisão, As Três Mulheres, para a RTP mas não sei quando vai estrear. Acabamos de a rodar a meio de Janeiro. Mas gostaria de viajar mais um bocadinho.

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