Review | Suburbicon (2017)


Bem vindos a Suburbicon! O bairro perfeito onde toda a gente quer morar.

Brincadeira.
Suburbicon é um filme assinado por George Clooney que decidiu fazer uma pausa kit kat na sua carreira de ator para se dedicar um pouco mais ao behind-the-scenes, que é como quem diz, ao outro lado da câmera. Em parceria com os famosos irmãos Coen e Grant Heslov, traz-nos uma narrativa passada na época dos anos 50, num bairro pontuado por ser bastante pacífico, muito ao nível da utopia. No entanto, tudo isso muda com a chegada dos Mayers, a primeira família de cor na vizinhança que, de imediato, atrai problemas. Infelizmente, não porque eles fizeram por isso. A supremacia branca levanta a questão racial e surge toda uma questão de grande (e grave) racismo.
Apesar de ao longo da obra nos vermos debruçados sobre esta questão, para mais nada serve para além de ser o bode expiatório à verdadeira linha condutora da narrativa. Se achavam que estavam perante um filme focado no racismo deixem-me que vos tire o cavalinho da chuva antes que rapidamente se molhe. Clooney traz-nos a história da família de Gardner (Matt Damon) que, no desenrolar de uma noite, acaba por ver a sua casa invadida por dois homens que matam a sua mulher Rose (Julianne Moore). A irmã Margaret (Moore) acaba por se mudar para a casa sob o pretexto do sobrinho Nicky (Noah Jupe) precisar de uma mãe num momento tão difícil para a família.
Confusos? Preparem-se então. Só começam a perceber os contornos da história um pouco mais tarde do que estavam à espera.
Suburbicon tem uma aura de estranheza a cada take que passa. Podemos "culpar" os irmãos Coen por tal proeza. E devemos continuar a fazê-lo pelo dramatismo crescente irreal que a trama vai assumindo. Mas outros elementos fazem que nos sintamos assim: por um lado temos performances de aplaudir. Se nos sentimos tão desconfortáveis também o devemos aos atores por saberem fazer o seu trabalho como deve de ser. Pessoalmente, Damon é um grande protagonista mas como estou sempre a torcer pelos novos talentos, dou por mim agarrada ao ecrã e focada no elemento mais novo do elenco. Noah é cativante na sua personagem mas, bom, desde 2015 que o petiz já coleccionou um currículo bastante interessante na área. Para além disto, aliam-se cenários muito estéticos, corretos e simétricos com cores muito sóbrias e elegantes. As cenas são pautadas por figurantes absolutamente incrédulos, desconfortáveis e rígidos, o que, enquanto espectadores, nos deixa entregues a um exercício de compreensão sobre o que de facto se está a passar perante os nosso olhos. Só vos posso adiantar que estamos perante um caso absolutamente ridículo do que é viver nos anos 50, numa família de malucos e numa sociedade fortemente marcada pelo racismo que nada faz em prol da flexibilidade, aceitação e respeito pelo próximo. Assim sendo, se estão à procura de uma história cativante que vos vai deixar perplexos, frustrados, irritados e todo um rol de emoções desgastantes, este Suburbicon estreia a dia 28 de Dezembro nos cinemas portugueses e vale a pena.
Nota final: 3/5

Mensagens populares