Review | The Greatest Showman (2017)



Todos os anos, poder-se-á dizer que há um filme designado especificamente para a época do Natal. E ei-lo aqui pois The Greatest Showman é tudo o que esta altura pede. É uma obra que, por excelência, fala de amor, de amizade, de sucesso e, claro, acaba tudo bem. Porque nesta altura queremos sonhar, queremos rir e queremos chorar pelos melhores motivos. Este Showman é o que toda a gente quererá ver para prolongar a magia da época festiva.



P. T. Barnum (Hugh Jackman) é o filho do alfaite que em criança se apaixona por uma menina de uma classe social diferente, Charity (Michelle Williams). Na esperança de lhe proporcionar, e às filhas, a melhor vida possível, e porque parece não ser talhado para nenhum trabalho em particular, ele decidi criar o seu próprio show. Começa, assim, a demanda pelas criaturas mais espetaculares e diferentes. Um circo de aberrações mas posto de uma forma mais positiva (afinal, estamos perante um filme para todas as audiências). É claro que o negócio evolui e é claro que a sua personalidade se altera um pouco devido à sua própria ganância. A este aspeto em particular não é dada tanta ênfase como seria dada num outro filme do género mas nada temam pois no final Barnum aprende a sua lição. Estamos perante uma narrativa que se caracteriza por ser apelativa e prolongar-nos mais do que o necessário no lado negativo da fama e do sucesso não seria um objetivo plausível face ao contexto em que o filme se encontra inserido.


Não sou a maior fã de musicais desde que vi os Miseráveis também ele, curiosamente, com Hugh Jackman. Achei exaustivo e confesso que me traumatizou nesse aspeto. Todavia, tenho vindo a mudar a minha opinião porque, felizmente, há quem, efetivamente, saiba fazer um musical. Surpreendam-se com um simples facto: esta é a primeira obra realizada por Michael Gracey e gostei muito da forma como o conduziu. Mas Michael não poderá levar os créditos todos. Um filme desta dimensão é, obviamente, fruto do trabalho de uma grande equipa e só o elenco teve em ensaios durante 10 semanas para aperfeiçoar todos os números que vemos no ecrã. Para além dos atores principais, há também um grandioso trabalho de coreógrafos e bailarinos nos bastidores, trabalho esse indispensável ao sucesso desta obra que jamais deverá ser desprezado.

Passemos agora aos atores principais o qual fá-lo-ei por pontos:
  1. Hugh Jackman tem uma pinta que só ele. O ator australiano tanto faz de Wolverine, como entra nos Miseráveis e agora continua a sua carreira de pseudo-cantor noutro musical. Acho-o versátil ao ponto de ter a mesma credibilidade enquanto super-herói e enquanto um homem de negócios que, do nada, monta um circo em nome próprio. É um homem simpático e bonito de se ver, vá.
  2. Zac Efron é o eterno menino bonito de High School Musical. É também dos poucos que se safou para além disso já que, na verdade, não ouço falar dos seus colegas. Assim, Efron leva um prémio por esforço e mérito, uma vez que se tem mantido consistente e congruente nesta sua carreira de ator. Gostei muito de o ver em conjunto com Jackman. Parece que houve uma osmose entre ambos, uma espécie de transferência de talento - Jackman leva mais CV que Efron naturalmente - que resultou muito bem para o jovem. Foi bom voltá-lo a ver num musical onde se nota que está bastante confortável. Ele dança e canta e é giro. Honestamente, acredito que haverá quem compre o bilhete só para ver Zac em grande.
  3. Zendaya é uma jovem atriz de 21 anos da qual eu nunca tinha ouvido falar mas que me conquistou pela sua voz e proeminente talento. Não tenho muito mais a acrescentar sobre alguém cujo único trabalho com o qual contactei foi esta obra. Por certo terá bastante sucesso aliando aquilo já nomeado à sua beleza. Toda a gente sabe que Hollywood gosta dessas coisas.
  4. Michelle Williams pareceu-me um pouco deslocada. Isso, ou sou eu que não estava à espera de a ver num papel destes. De alguma forma parece que não lhe assenta bem. Há alguma desconfiança da minha parte nesse sentido. Claro que está linda que dói mas até na sua parelha amorosa com Jackman pareceu-me... Esquisita. Falta-lhe vontade de estar ali, falta-lhe paixão. Os únicos momentos em que a gostei de a ver foram, curiosamente, aqueles em que estava feliz e sorridente mas até esses pareceram falsos quando comparados com o seu colega Hugh.
  5. Austyn Johnson e Cameron Seely, as duas meninas que fazem de filhas do casal. Maravilhosas e tão puras. A dar 10 a 0 a muito adulto.
É claro que o resto do elenco está de parabéns com especial foco na espetacular voz de Keala Settle. Relativamente à banda sonora, por certo fará as delícias de toda a gente. As músicas são catchy e resultam da composição de Justin Paul e Benj Pasek, o duo que escreveu City of Stars de La La Land e que, já agora, recebeu um Óscar por tal.São temas fortes e com mensagens muito bonitas. Deixem-se lá de Rihannas e Selena Gomez pois queremos pessoas com talento a escrever músicas que tenham conteúdo. Infelizmente, a única cena que não me agradou por demais foi quando Jenny Lind (Rebecca Ferguson) pisa pela primeira vez o palco americano. Achei que a atriz não estava a fazer um playback bem feito e, bom, isso facilmente se explica pelo facto de a voz que ouvimos não lhe pertencer mas sim a Loren Allred.

Gostei muito desta obra. É uma narrativa apelativa apesar da forma como é conduzida possa ter algumas direções expectáveis. É notável o trabalho de backstage e acho que a escolha do elenco foi bem feita (bom, com excepção de quem-vocês-já-sabem). Sinto que os atores passaram um pouco do que eles são às suas personagens conferindo-lhes uma veracidade palpável e diferenciadora. É um filme com cores fortes, músicas poderosas e boas interpretações. Entretém, faz rir, faz chorar e, acima de tudo, faz sonhar sendo este o elemento mais importante que o realizador quis passar aos espectadores. Sai-se da sala de cinema com a certeza de que conseguimos fazer tudo a que nos propomos mas sem nunca descurarmos aquilo que é mais importante. 


Nota final: 4/5

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