Review | Mother! (2017)

Senhoras e senhores, meninos e meninas, Darren Aronofsky, o génio por trás de Requiem for a Dream (para sempre um dos meus favoritos e um dos filmes mais impressionantes que estes olhinhos tiveram o privilégio de contemplar), The Fountain (uma das obras mais confusas que vi e que, com certeza, tenho que rever), Black Swan (genial! genial!), Pi (na minha to-watch list há, literalmente, ANOS), entre outros, está de volta!
E oh boy, o que nos trouxe ele...

"You give and you give and you give... And it's just never enough"

Esqueçam o que o trailer vos vende porque estamos perante uma obra que é tão mais do que se apresenta que uma pessoa a meio do filme fica sem saber o que aconteceu. E, meus amigos, ainda agora não sei muito bem o que vi. Mas sem dúvida que ninguém - repito, ninguém - está preparado para isto.

E quando estamos perante algo deste género, escrever torna-se um ato ainda mais difícil do que já é naturalmente.

Eu pensava que ia a um filme de terror mas estamos para lá disso. Muito para lá disso. Na verdade, a trama é bem mais complexa do que o sumário que me foi apresentado. Sim, temos Lawrence e Bardem, o casal protagonista, a viverem numa casa e a sua existência muda com a chegada de Ed Harris. As personagens não têm nome, apresentando-vos, assim, respetivamente, Her, Him e Man.

*spoilers*

A história pode ser dividida em duas partes: antes da gravidez e depois da gravidez (sim, há uma gravidez). Mas mais que isso, há muitas interpretações para as cenas às quais vamos assistindo. Sem dúvida que estamos perante uma crítica à atual necessidade de adulação que Bardem ao longo do filme vai exteriorizando. Temos uma personagem feminina completamente passiva e devota ao marido que, a nível pessoal, irritou-me por demais demonstrando, assim, o quão talentosa Jennifer é. Há também uma grande analogia para com a religião sendo este tópico trazido por Ed Harris, a sua mulher Michelle Pfeiffer (Woman) sob a forma de uma Eva sensual e obstinada, e os dois filhos, um mais velho (Brian Gleeson) e o mais novo (Domhnall Gleeson). E sim, tal como na Bíblia Caim mata Abel, também neste filme um irmão mata o outro (oi?).

Ou seja, passamos a primeira metade a tentar perceber o que se está a passar, apesar de se ir captando os detalhes de ambas as personalidades que compõem o casal e a sua estranha dinâmica. No entanto, não se percebe de que forma estamos a ser conduzidos e para o quê. Na segunda metade continuamos a tentar perceber o que se está a passar mas desta vez porque tudo escalou e o Inferno desceu à terra e mais não posso dizer porque mesmo que quisesse nem conseguiria traduzir o génio louco de Aronofski por palavras tangíveis.

O próprio realizador veio dizer que quis fazer um filme sobre a Mãe Natureza, de uma forma alegórica, e acho que o conseguiu por inteiro. Esta é, definitivamente, uma obra da qual se gosta ou se odeia mas não deixa ninguém indiferente. O final é o que mais satisfaz porque é, provavelmente, a única coisa clara, explícita, que nos é dada pelo realizador. Todos os outros elementos são gigantes pontos de interrogação dentro das nossas cabeças, entrando, assim, num bom top 10 de mind-fucks (bastante apreciados por moi).

De qualquer das formas, a título pessoal não foi o filme que estava à espera e por não saber se gostei ou não (apesar de achar que não gostei) não posso deixar de ser o mais imparcial possível. Darren é um excelente realizador e a construção do cenário - aquela mansão assustadora, hello? -, a forma como foi gravado, os pormenores, a escolha do elenco..., a ele ninguém lhe tira o mérito.

Muito menos eu.


Nota final: 3/5

Mensagens populares