Review | Three Billboards Outside Ebbing, Missouri (2017)


Após os Golden Globes e com quatro prémios arrecadados, sendo eles "Melhor Filme Dramático", "Melhor Argumento", "Melhor Atriz em Filme Dramático" e "Melhor Ator Secundário em Filme Dramático", bom, o que poderei eu acrescentar para vos convencer a ir vê-lo ao cinema?

Antes de mais, devo dizer-vos que os prémios arrecadados são mais que justos pois estamos perante um grandioso filme com um grandioso elenco e com uma grandiosa história. Aliás, se me ficasse por aqui nesta crítica, sei por certo que já tinha dito o suficiente porque uma preciosidade destas não precisa de mim ou de ninguém para levar alguém ao cinema. Mas já que o blog existe e eu gosto de mandar os meus bitaites, aviso-vos já que para além de o ir fazer, não direi outra coisa senão bem, a não ser, claro, do final. Mas já lá vamos.
O filme começa logo em grande, com Mildred (Frances McDormand) a marcar a sua posição e apresentando-se ao espectador de forma muito assertiva, forte, em diálogo com Red Welby (Caleb Landry Jones): "I'm guessing you're Angela Hayes' mother" / "That's right, I'm Angela Hayes' mother". Angela foi violada e assassinada sem que nunca encontrassem o responsável por tais atos. Tal facto fez com que uma crescente indignação fosse dando origem a uma raiva e rancor tais que a sua mãe, perante a situação e pela incapacidade da força policial para fazer o seu trabalho, pagou o aluguer de três grandes cartazes na estrada onde os eventos horroríficos aconteceram. Como devem calcular, as notícias depressa se espalharam e até chegaram à esquadra foi um instantinho. Quem deu por eles primeiro foi Dixon (Sam Rockwell) que rapidamente avisou o seu superior Willoughby (Woody Harrelson). 
Escrito e realizado por Martin McDonagh, não falarei mais dos contornos que a narrativa adquire pese embora toda ela seja digna de uma menção honrosa. Quero, no entanto, prestar especial atenção às prestações que nos são trazidas e nos fazem lembrar de que sim, o cinema tem maus momentos, mas depois mostra-nos o reverso da medalha e lá nos lembra do que é capaz.
Antes de mais, falaremos no vulcão que Frances é, porque não consigo imaginar outra pessoa para desempenhar este papel em específico. Mildred é uma mulher destemida, corajosa e muito forte. McDormand captou-lhe todas estas suas características e pô-las no ecrã com uma mestria estrondosa. Em contrapartida, durante a cerimónia, onde lhe entregaram o prémio de melhor atriz, ao recebê-lo demonstrou nada mais que uma ligeireza e extroversão que não lhe estava à espera, talvez porque vi o seu discurso após ver o filme e vi duas personas diferentes na mesma cara. Ah, o fascínio que um bom ator nos trás!
Mas se Frances é uma Mildred com as suas bases bastante sólidas, o que dizer de Sam Rockwell que nos faz odiá-lo até mais não e acaba a levar com a nossa simpatia? Dixon é a personagem mais complexa de toda a trama: vive com a mãe, é um bêbedo racista e idiota e um bully. Curiosamente são os seus impulsos mais violentos que acabam por desabrochar em ações positivas acabando estas por ser a sua própria salvação.
Em comparação, gostei mais de Caleb Jones que Harrelson. O jovem ator de 28 anos, na sua personagem meio atabalhoada poderia transparecer alguma falta de experiência mas uma rápida olhadela ao seu CV e percebe-se que de inexperiente o ator não tem nada. É uma personagem muito engraçada que acaba por ajudar Dixon a sair da sua carapaça de escumalha humano. Demasiado agressiva? Não se preocupem. Não irão gostar de Dixon. Já Woody tem um papel relevante até que rapidamente deixa de o ter, uma vez que não passa assim tanto tempo na tela quanto isso, e serve mais como bode expiatório do que alguém realmente importante no desenrolar do argumento.
Como vos disse, a única coisa que me deixou insatisfeita foi o final. Eu sou uma pessoa que gosta de ir para casa com tudo arrumadinho e isso não acontece. Sim, estamos perante uma obra com um final deixado em aberto e percebo que a sucessão de acontecimentos nos leve nesse sentido. No entanto, não deixo de sentir um ligeiro sabor amargo quanto à sua pertinência uma vez que a história se vê, assim, levada num caminho que termina no tópico de vingança ao invés do de justiça, razão pela qual Midlred começou tudo em primeira instância. É claro que à falta de alternativa, talvez o desfecho não seja assim tão mau e até faça sentido para alguns.
Para concluir, julgo estarmos perante um forte candidato ao Óscar de Melhor Filme e não me espantaria se o levasse para casa. O The Guardian deu-lhe a pontuação máxima assim como a Rolling Stone. Por mim, mais que vendido. Three Billboards Outside Ebbing, Missouri estreia amanhã nos cinemas.
Nota: 5/5

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