Review | The Post (2017)


Realizado por Steven Spielberg e com Tom Hanks (Ben Bradlee) e Meryl Streep (Kay Graham) como personagens principais, The Post é um filme que retrata um jornal liderado por uma mulher, que, supostamente, não percebe grande coisa do assunto, e que se vê numa teia de complexas decisões no que toca à publicação de documentos secretos que visam a guerra do Vietname. Isto, claro, não esquecendo a luta pela liberdade de expressão que acontece ao longo da trama e que, ainda hoje, faz de si um tópico muito atual tendo em conta o vigente presidente dos EUA e o seu ódio de estimação a quem não beija o chão que ele pisa.


Se por um lado temos boas interpretações, juntando dois grandes nomes que valem o que valem, e se temos uma realização bem encadeada e executada, temos a receita para o sucesso, certo? Certo. Mas com algumas reservas. Eu sou acérrima defensora de um bom ritmo e apesar de não haver qualquer tipo de momentos mortos, a verdade é que o filme não é suficientemente entusiasmante para que não nos deixemos levar na deambulação dos nossos próprios pensamentos. É claro que também temos momentos de tensão e de algum suspense mas se de uma forma imparcial consigo perceber o bom feedback que The Post está a receber, por outro lado, a nível parcial, devo dizer que apesar de não ir com grandes expectativas, não saí da sala de cinema entusiasmada como quando acontece quando vejo algo que me arrebate.

Ao longo da obra vão sendo abordados tópicos interessantes que aumentam a substância do argumento: a rivalidade entre o Washington Post e o The New York Times está bastante presente e há uma constante preocupação em ter a melhor primeira página; a fragilidade do valor do jornal na bolsa e a preocupação da sua herdeira para o manter de pé o máximo tempo possível; a luta de uma grande mulher numa época entregue aos homens fazendo valer o seu ponto de vista e as suas decisões como mais relevantes do que a de qualquer um com quem trabalhava (já que, como referido, ela era a dona do jornal). A grande vitória, e talvez a melhor parte, é mesmo o final onde é dada à imprensa toda a liberdade que lhe é de direito como protegido pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA. 

De um modo geral, é uma narrativa que retrata fielmente o stress e o dia-a-dia de uma redacção, estando bastante bem defendido pelo elenco e a realização. Mas se estamos numa de falar de filmes que retratam o ambiente jornalístico, em comparação gostei mais de Spotlight (Josh Singer participa no argumento de ambos), pese embora ambos toquem em dois assuntos bastante relevantes para o momento em que se situam. Não deixo de defender que estamos perante uma obra que será bastante congruente quanto às opiniões que surgirão sobre a mesma e não nos esqueçamos que foi nomeada para a categoria de Melhor Filme e Melhor Atriz Principal.


Nota final: 3/5

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