Review | Phantom Thread (2017)


Phantom Thread marca o último filme de Daniel Day-Lewis. E aviso já que este filme não é para todos e com isto quero dizer que, simplesmente, não é para mim.



Estamos em 1950 em Londres, onde a casa Woodcock tem uma grande reputação na confecção de vestidos, reputação essa que se deve ao visionário Reynolds Woodcock e aos esforços da sua irmã Cyril (Lesley Manville). Reynolds é um homem bastante rígido e entregue a hábitos que exigem uma flexibilização de todos excepto da sua parte. Uma espécie de egocentrismo onde o que interessa é dobrar o mundo às suas vontades. É uma personagem muito específica, portanto. Que, por certo, Day-Lewis fez um excelente trabalho na sua interpretação. No entanto, vê-se encantado por uma jovem com um comportamento ligeiramente disruptivo (para os seus padrões, claro), Alma (Vicky Krieps) e acaba por levá-la para a sua casa onde há um choque de hábitos e, sobretudo, personalidades. Mas Alma é-lhe dedicada até que chega ao ponto em que fica magoada e decide vingar-se. O mais engraçado é que o objetivo do filme é aqui descodificado e nem sequer o vou trazer para aqui porque tira toda e qualquer graça a um filme por demais aborrecido.

Sim, peço desculpa a todos aqueles que acham que estão perante uma obra-prima mas queiram-me desculpar a franqueza: Linha Fantasma (a tradução para o Português) não é, de todo, um mau filme (consigo percebê-lo de forma imparcial) mas é lento que dói e uma pessoa não sobrevive a uma "passagem pelas brasas". É claro que se quer dar o contexto, quer-se explorar as personagens mas não podiam ter acelerado um pouco a coisa? Há cenas muito específicas onde se percebe que as relações são completamente descabidas entre si e não precisei de 130 minutos para o perceber. Apesar de tudo, o mais engraçado é mesmo o final que mostra o quão perturbado é Woodcock no meio de tanto rigor e suposta perfeição. Aí sim, temos o colmatar de todo um esforço que, contudo, não o compensa.

Escrito e realizado por Paul Thomas Anderson - responsável por Inherent Vice, um filme que também nunca consegui acabar, por mais que o tenha tentado fazer por duas vezes, o que faz todo o sentido agora - estamos perante uma obra que se dedica demasiado aos pormenores quando, na verdade, a premissa que lhe dá origem nem é má de todo. Na verdade é até bastante interessante e retorcida e tenho pena que tenha sido esmiuçada de forma tão chata.

Para finalizar quero acrescentar duas coisas: Vicky e Lesley também são estrelas nos seus papeis e longe de mim retirar o mérito a qualquer uma delas; os vestidos são um pavor e não percebo a nomeação para Melhor Guarda-Roupa.

Resumindo: gostava de ter gostado por ir de encontro ao que é expectável e porque tem uma componente psicológica bastante escrutinada e muito interessante, mas uma pessoa não consegue resistir a tanto momento parado. Mas bom, gostos são gostos.


Nota final: 2/5

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