Review | Maze Runner: The Death Cure (2018)



Bem vindos à saga que menos sentido faz em toda a história do Cinema que eu tenha tido o prazer de testemunhar. 

Partindo do pressuposto que já viram os dois primeiros filmes (pois obviamente não vejo razões algumas para se ver o terceiro capítulo sem se ter visto os anteriores), vamos só aqui recapitular umas coisas:
  • há um vírus que está a dizimar a Terra;
  • há um grupo de indivíduos que lhe são imunes e são postos num labirinto sem saber muito bem porquê, inclusive, há indivíduos que lá estão há três anos (?);
  • há uma empresa (WCKD) que está envolvida no processo de procura da cura;
  • Teresa e Thomas que trabalhavam para a WCKD, surpresa!, são postos no labirinto também (?).
Hum, what?

Passando esta premissa completamente ridícula, vamos, então, analisar o presente filme. Mas antes disso, para quem não sabe, o seu lançamento foi duas vezes adiado devido a um acidente de carro sofrido pelo protagonista Dylan O'Brien. A Fox decidiu, assim, dar-lhe tempo à sua recuperação o que fez com Death Cure saísse três anos depois de The Scorch Trials.


Continuemos.

Esta obra começa com uma grande sequência de ação dando origem ao ambiente que tão bem caracteriza esta saga. Na verdade, nunca me canso de ficar surpreendida com a quantidade de esforço físico que todos os filmes envolvem e exigem dos seus atores. Estando estabelecido o mood, a partir daqui não temos grandes momentos mortos e longe de mim retirar qualquer mérito ao entretenimento que nos é oferecido. E é também com grande alegria que digo que este é o capítulo mais entusiasmante o que poderá oferecer uma espécie de redenção face ao decepcionante filme anterior.


Presentemente, o principal objetivo é destruir a sede da WCKD localizada na The Last City e salvar Minho, numa verdadeira ode à importância da amizade. É claro que a vida não é fácil para Thomas que, no meio disto tudo, ainda continua a pensar em Teresa e, já agora, fica a saber que o seu sangue é mesmo o mais importante nesta história toda. Mas sejamos objetivos. Um dia, durante as minhas deambulações pelo Youtube, vi um vídeo que colocava uma pergunta muito pertinente: ele não podia simplesmente, de forma ocasional, doar sangue? E evitar-se esta canseira toda? E já alguém se apercebeu que n
o meio disto tudo, não deixa de ser irónico que a única coisa que faça sentido é mesmo a parte dos testes em humanos (passando obviamente a parte ética e moral à frente)?

De qualquer das formas, como referido logo de início, a trilogia em si está repleta de erros e não pude deixar de reparar em alguns ao longo deste capítulo final:

(SPOILERS ALERT!)
  • Ao início não há grande referência temporal por forma a nos podermos situar relativamente a quanto tempo passou entre o último filme e este. No entanto, daquilo que eu percebi passaram-se 6 meses e, pessoalmente, achei chocante o ritmo alucinante a que o cabelo da Brenda cresce. Aquilo é uma coisa parva! Julgo que estamos perante um caso de estudo para a Lúcia Piloto;
  • E aqueles soldados que falham sempre o alvo? Mas e os putos que nunca pegaram numa arma e têm uma habilidade inata para, por sua vez, acertar em tudo o que desejam? Hein, e esta?;
  • No segundo filme, um anti-vírus é feito a partir do sangue de Thomas. No terceiro capítulo, Newton é afectado e vão-me dizer que no meio daquela gente toda não havia ninguém com capacidades para o voltar a fazer? Nem instrumentos? Porque numas cenas mais à frente, aparece mateiral cirúrgico completamente do nada. E duvido que Teresa os transportasse ao lado dos seus pertences pessoais;
  • Gally afinal não morreu (acho que este é o ponto mais non-sense de todos e dá perfeitamente para perceber o porquê; tenho a certeza que deixei o meu maxilar na sala de cinema – favor devolvê-lo);
  • Então e quem é que sabia que o vírus era transmitido pelo ar?? Pois, eu também não. Que giro! Porque, assim de repente, foi a primeira vez que tive conta desta informação e especialmente porque todas as pessoas que eram vitimizadas tinham sido mordidas ou vítimas de um feroz ataque físico. E depois de tantos confrontos, se o vírus se transmite pelo ar não teria já provocado mais vítimas? E quando Newton tosse? Não era suposto contagiar o pessoal à sua volta?;
  • Já toda a gente sabe da grande capacidade física que caracteriza estas personagens (já repararam o quanto eles correm?) e bem que vimos Minho a sobreviver a um relâmpago no segundo filme mas o mais engraçado é quando Teresa está a extrair o localizador de Thomas (demoraram bastante a fazê-lo, well done!), deixa o rapaz de ferida aberta e nem ai nem ui. Nem um fiozinho de sangue. Mas bom, quando as preocupações estão focadas num potente vírus, uma possível infecção deste calibre não é nada;
  • Quando Teresa pega no lenço com o sangue de Thomas com as suas próprias mãos onde é que fica exatamente a parte da higiene? A amostra não fica, assim, alterada...?;
  • E quando dão um sedativo a Minho e ele não só está consciente como prontíssimo para correr mais uma meia maratona? Sério, este rapaz nunca pára de surpreender;
  • Já agora, chamem o equivalente à GNR lá do sítio. A rapariga de rastas que aparece no segundo filme, faz uma aparição no terceiro e depois nunca mais lhe pomos a vista em cima. Hello? Para onde foi a moça?!
(FINAL DE SPOILERS!)

Maze Runner é, a nível de argumento, uma mistura de Hunger Games e Divergent e a nível físico estarmos perante um cruzamento entre a Missão Impossível (há para ali muitas manobras que bem sabemos serem um pouco utópicas) com o Xander Case (já mencionei a ação e as piruetas que para ali se fazem??). Consequentemente, e
stamos perante duas horas repletas de ação e, de forma geral, é um filme que vai de encontro ao agrado dos fãs. Não nos esqueçamos da raridade que é, hoje em dia, ter um final que não é dividido em duas partes. Mas não nos deixemos enganar pois não é uma obra prima apesar de ser relativamente excitante e ter um final satisfatório. Contudo, face ao que nos foi dado até agora é a parte mais completa de toda a história e, só por isso, vale a pena.

Nota final: 2.5/5

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