Review | Inside Out (2015)

Eu sei. 
Escusam de me dizer que eu sei.
Venho tarde. 3 anos tarde.
Mas Inside Out é mesmo um filme daqueles!
Por norma não sou a maior fã de filmes de animação, pese embora seja mais agora do que alguma vez o fui na minha vida. Por isso não se espantem quando vos disser que só o vi no dia 1 de Janeiro e porque tinha passado na televisão.
Volto a dizer: eu sei.
Inside Out é qualquer coisa de brilhante sem descurar o fofinho. Confusos? Aqui vamos nós: se por um lado estamos perante um filme que fez a sua pesquisa no que toca a emoções e a tudo o que se passa no cérebro (Pete Docter, o realizador, escreveu o argumento com a ajuda de cientistas e psiquiatras e isso nota-se pela veracidade do conteúdo - não fosse eu Psicóloga e percebesse um pouco do assunto), por outro temos personagens queridas e todo um mundo colorido e animado (estes gráficos de hoje em dia...!).
Bom, animado dentro do possível. Riley, a personagem principal, sempre teve uma vida relativamente feliz, não a tivesse a ser comandada pela Alegria, mas eis que após uma discussão entre esta e a Tristeza, ambas saem da central de controlo das emoções da petiz. Quem é que lá fica? A Raiva, o Medo e o Nojo. A partir daqui temos um rol de comportamentos ligeiramente atípicos e os seus pais, claro, são os primeiros a reparar. Embora a maior parte da ação seja focada na Alegria e Tristeza e o respetivo caminho de regresso, também é dedicado tempo de antena ao que se passa com Riley na consequência de ter ficado entregue a três emoções negativas.
Geralmente vejo sempre as versões originais mas esta via-a na versão dobrada e, felizmente, foi uma agradável surpresa. Gostei imenso da Custódia Gallego na voz de Tristeza pois dava-lhe um enfado natural. Nuno Markl na voz de Big Bong também deixará saudades e, por vezes, foi difícil de a distinguir pois modulava-a conforme o ritmo da ação (bom trabalho!). 

Inside Out é um filme inteligente, que deixa várias mensagens a nível do psicológico e penso estar muito bem concebido para duas audiências diferentes: se por um lado, fala diretamente aos pais, por outro também fala com o público mais jovem. Fá-lo da mesma forma mas uma pessoa de 10 anos interpretará de forma diferente do que uma pessoa de 40, claro. A mensagem mais importante é que não vale a pena descurar os momentos mais tristes pois para sermos felizes, temos que nos ver perante situações menos boas. Assim, não vale a pena estar sempre a cantar e a sorrir, se o que nos apetece mesmo é chorar. É de vital importância aceitar a tristeza e as emoções negativas por forma a valorizarmos os momentos mais alegres e felizes. Noto assim que começa a haver cada vez mais uma consciência e um alerta para a saúde mental e a necessidade para sermos saudáveis não só a nível físico. Nada melhor que um filme de animação para falar destas coisas mais sérias de uma forma pedagógica sem descurar a relevância dos tópicos abordados e, ao mesmo tempo, sem pôr em cheque a compreensão da mensagem por parte de um público mais novo.
Nota final: 5/5

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